sexta-feira, 26/julho/2024
NotíciasCaso Elis Regina: o impacto da inteligência artificial na preservação da memória

Caso Elis Regina: o impacto da inteligência artificial na preservação da memória

À medida que a tecnologia avança, torna-se mais complexo distinguir o real do artificial. Os riscos e as implicações da adulteração, cada vez mais realistas, de fotos, áudios e vídeos são colocados em xeque na contemporaneidade e inflamam o debate sobre preservação da memória e o direito após a morte.

Por meio da ferramenta deepfake, é possível adulterar o rosto de uma pessoa em fotos ou vídeos por meio da inteligência artificial. A tecnologia é usada com frequência para criar vídeos falsos envolvendo celebridades e figuras políticas. A atriz Carrie Fisher, por exemplo, foi recriada digitalmente para aparecer como a jovem Princesa Leia no filme Rogue One: Uma História Star Wars.

O debate aqueceu as redes sociais na última semana, após a divulgação de uma campanha publicitária que “reviveu” a cantora Elis Regina, que morreu na década de 1980, por meio da inteligência artificial. Na produção, a artista dirige uma Kombi e canta Como Nossos Pais, de Belchior, ao lado da filha, Maria Rita.

Enquanto alguns fãs se emocionaram com o dueto, outros levantaram questionamentos éticos sobre a manipulação da imagem de uma pessoa falecida em um contexto fictício.

Essa não é a primeira vez que personalidades são recriadas digitalmente após a morte. Um holograma de Whitney Houston realizou uma turnê oito anos após a morte da cantora.

Na última semana, após ser internada na UTI, a cantora estadunidense Madonna estabeleceu regras que devem ser seguidas após a sua morte. Segundo o jornal britânico The Sun, além de definir critérios de herança, a artista proibiu o uso de hologramas com a sua imagem em shows póstumos.

A medida também foi adotada pelo ator Robin Williams, que morreu em 2014. Em seu testamento, ele impôs uma restrição ao uso de sua imagem por 25 anos para evitar que sua figura fosse reproduzida por meio de hologramas ou outras tecnologias.

Já aprovado pela Câmara dos Deputados, o Marco Legal da Inteligência Artificial (PL 21/2020) estabelece fundamentos, princípios e diretrizes para o desenvolvimento e a aplicação dessa tecnologia no Brasil. A proposta está em análise no Senado Federal.

A diretora nacional do IBDFAM lembra que, antigamente, cabia aos herdeiros apenas permitir (ou não), a divulgação de uma conduta realizada pela pessoa falecida, ou seja, algo que fez parte da história e da construção da imagem daquela pessoa. “No caso da Elis Regina, poderia citar o exemplo de um show que tenha realizado ou uma música que tenha cantado.”

A Inteligência Artificial, porém, é capaz de alterar a perspectiva: “os herdeiros passaram a ter que autorizar (ou não) a utilização da imagem em condutas no post mortem, projetadas no futuro. Condutas que não fizeram parte do histórico de vida da falecida”.

 

Fonte: Assessoria de Comunicação do IBDFAM

 

 

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