Em meio à perplexidade da morte do candidato à presidência da República Eduardo Campos, escrevi uma poesia delicada sobre a questão abstrata de “quem somos nós?” .
Poerídica: Somos todos candidatos
Quem somos nós?
Somos candidatos,
Candidatos a sermos
mais felizes.
Candidatos a vivermos
com deslizes…
somos sujeitos
aos casos fortuitos,
às forças maiores,
não somos melhores
nem piores,
somos sujeitos
ativos e passivos
da ordem e da desordem,
do progresso
e do retrocesso.
Nós somos
seres vulneráveis
de certezas e enganos.
Nós não somos
totalmente sábios,
nem tão insanos,
somos candidatos
a sermos mais
humanos.
Somos candidatos,
pois não somos titulares
de nada nesse mundo.
Somos candidatos,
pois apesar dos pesares
vamos para o mesmo fundo.
Candidatei-me a ser estudante,
candidatei-me a ter uma profissão,
candidatei-me a seguir adiante,
mas a vida é uma grande imprevisão.
Candidatei-me a ter bens materiais,
candidatei-me a ser casado,
candidatei-me a viver mais,
mas o que será eternizado?
Se nada é pra sempre,
estaremos sempre
em processo
de candidatura,
de aprendizado,
de trabalho,
de esforço,
de luta!
De luto
seguimos por um momento,
na vida temos incidentes
e acidentes,
querendo ou não querendo
nossa formação partidária
“parte” da gente.
Não somos perfeitos,
não seremos eleitos
a ficar
como autor e réu.
Somos poesias e atos,
somos todos candidatos
a conquistar
vagas no céu.