Confira hoje uma narrativa, um conto, uma história…
Conheça o caso da Advogada e do Poeta.
A Advogada e o Poeta: o encontro
Ela saiu do seu escritório exausta. O dia foi tenso. Normalmente, ela iria direto para sua casa se jogar na banheira com sais de banho e espumas aromáticas, mas, naquela quinta-feira, preferiu fazer algo diferente. Pensou: “sair da rotina é bom para se desestressar”. Então, a advogada, vestida de dama jurisdicional (capaz de convencer com seu charme jurídico qualquer juiz alienado à beleza feminina) avistou uma placa de longe, no final da avenida onde estava dirigindo seu carro: “Bar Cultural”. E foi até lá:
– Pode ser um bom lugar para relaxar e se renovar…
A advogada entrou observando toda a decoração do ambiente. Viu as pinturas, os quadros, as esculturas nas paredes, admirou as artes plásticas, gostou da arquitetura do bar e se sentou à mesa.
– É, a natureza jurídica deste local, realmente, é cultural – pensou ela em voz alta com um sorrisinho na boca. Pediu uma cerveja sem álcool ao garçom e começou a prestar atenção no sarau que estava acontecendo ali.
Na verdade, ela só sabia que era um sarau porque tinha um banner no palco: “Sarau Poesia sem Fronteiras”. Se não tivesse nada escrito, seria para ela “declamação de poemas”, pois ela não se lembrava de que “declamação de poemas” se denominava “sarau”.
– O direito de escolha
entre amar ou se apaixonar
é um direito indevido
pois não se pode optar,
não há veredicto,
não existe decisão.
Ou ama ou se apaixona
conforme a ocasião.
O poeta que declamou esses versos olhou para a advogada ao terminar de recitá-los. Mas ele olhou sem saber que ela estava ali, olhou sem saber quem era ela, olhou, simplesmente olhou…sem saber que ela se tornaria seu grande amor.